domingo, setembro 23, 2007

A BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA

Às vezes, dou por mim a pensar nas cinzas da biblioteca de Alexandria. E pergunto-me o que num só fogo perdeu a humanidade.

Quantos séculos terá o mundo regredido por obra de um fogo? Esta é a pergunta clássica e inteligente, que todos os sábios fizeram.

Há outra pergunta, talvez impertinente e talvez cretina, que ninguém ousou fazer: onde estaríamos hoje, se hoje ainda houvesse, sem o fogo de Alexandria?


6 comentários:

José Antunes Ribeiro disse...

Boa pergunta! Não tenho nenhuma resposta...

Manuel da Mata disse...

Eu também não. Mas a pergunta é legítima.

Alex disse...

Ninguém se lembraria de perguntar Manuel ...
O Manuel lembrou-se.
Perfeitamente legítima.

Um forte abraço.




PS. Eu hoje lembrava-me de outra questão. Onde estaremos todos daqui por uns anos? Os nossos filhos? Os nossos netos?

Manuel da Mata disse...

As chamadas questões comezinhas são, por vezes, as que mais complicam a vida dos artistas.
Ainda bem que eu não sou artista.
Diz-se que o nosso Fernando deixou a Ofélia solteira por causa da obra.Terá sido mesmo a obra que deixou Ofélia solteira?

LM,paris disse...

ai, também nao sei se saberia se
tivesse de responder jà jà...assim vou contornar o obstàculo, estariamos mais ricos, isso sem dùvida!
O Almada escreveu:
" as palavras que podiam salvar a humanidade jà estavam escritas quando eu nasci, so faltava salvar a humanidade", escritas sim, queimadas?
Acho que as palavras estao là, aqui, nos livros, nas casas, nas bibliotecas, nas escolas,nos nossos coraçoes, na cabeça,so falta podermos salvar-nos dentro da nossa humanidade.
Serà que essas palavras, esses livros que estavam nessa biblioteca teriam salvo humanidade?
As palavras queimadas nao teriam sido ressuscitadas no coraçao dos homens e das mulheres que constroem ( e destroem...) o mundo todos os dias?
Nao transportamos os arquétipos do mundo em mudança prepétua e mesmo se finitos, nous les pauvres humains... enquanto por cà andamos, empurramos a màquina e acordamos novos e cada dia, um dia mais antigos, em todo o sentido da palavra?
O Pessoa gostava da Ofélia, acho que o nome dela devia lembrar-lhe um personagem teatral e que acaba mal...mas romântico, tràgico.
Teria ele escrito a mesma obra se tivesse casado e feitos filhos à Ofélia?Nao sei...nao casou com ninguém, era jà suficientemente mùltiplo!
um beijinho amigos, LM
ps: manuel nao consigo responder ao seu mail plo noreply adresse, tem outro?Merci.

Manuel da Mata disse...

Lídia,

Aí vai o outro endereço electrónico:

manuelpiresbarata@netvisao.pt

Já hoje estive em sua casa na NET. Vasculhei tudo.

Acerca do Pessoa temos de falar com vagar. Relativamente ao Almada, conheço aquele texto magnífico onde ele fala da invenção da fala e da escrita.

Reconheço que deveria conhecer melhor o Almada, que é um artista de facetas múltiplas. Temos de fazer escolhas.

Acerca da Biblioteca de Alexandria, reasponderei com mais vagar.

Beijinho,
Manuel