Republicação
O ministro dos comboios e dos aeroportos disse há dias, para desgraça e gáudio de uma direita velhaca e oportunista, que era iberista. E a dita direita fez um escarcéu de tal ordem, que o dito ministro e o seu chefe de governo sentiram necessidade de dar explicações.
Eu sou iberista e não tenho medo, e acrescento hoje, nem vergonha de afirmar o meu iberismo, alto e bom som, como não tenho quaisquer dúvidas em afirmar, como já anteriormente o fez Miguel Torga, que a minha pátria telúrica só termina nos Pirinéus. E mais, se sou habitante da Ibéria, sou ibérico, naturalmente. Coisa diferente é ser espanhol, porque hispânico também sou. E suponho que Natália Correia também se sentia hispânica.
No início do actual milénio, alguém afirmou que o milénio anterior foi o dos pequenos estados como Portugal e que o actual será o do seu desaparecimento. E provavelmente o vaticínio é correcto, mas nenhum de nós cá estará para certificar a sua justeza.
Sabe-se, igualmente, que na origem de Portugal estiveram apenas razões de índole política. Basta ler com atenção a "Formação de Portugal" do sábio Orlando Ribeiro, que não era propriamente um homem de esquerda, para perceber estas coisas comezinhas. O tempo, é mais do que evidente, foi cavando as diferenças que marcam hoje a singularidade de Portugal em relação aos restantes povos ibéricos.
É bom lembrar, no entanto, que os reis da dinastia de Avis tentaram a fusão dos reinos peninsulares e que a questão cantral passou sempre por saber quem havia de montar o cavalo do poder.
Seja como for, não é com esta gritaria toda que se discutem ideias. E isto já é peixeirada!
Eles sabem que a união ibérica lhes retiraria a capacidade que vão tendo de administrar a quinta.
4 comentários:
De acordo, Manuel!
Num excelente livro que tive a honra de publicar, "Metamorfoses do Vídeo", Alberto Pimenta, o seu Autor, propõe um pequeno referendo muito simples com a seguinte pergunta especialmente dirigida aos nossos estimados "patriotas" (cito de memória!):
"Preferia ser um espanhol rico ou um português pobre?"
Bem...sou ibérico e já que estou em maré de falar de livros que publiquei deixo uma excelente sugestão de leitura:
"Causas da decadência dos Povos Peninsulares", de Antero de Quental.
Um grande abraço.
Gostei destes pensamentos :)
E da sugestão do Zé.
Estou de volta Manuel.
Com S de Saudade.
Um grande abraço
E também me parece certo que sejamos ibéricos, minimamente decentes nesta vida que se nos apresenta tão curta. Eu, termino o meu Iberismo nos tectos do céu. Pode ser?
Olá, Alexandra!,
Estou de volta. Agradeço o comentário, porque, com toda a franqueza, os comentários são um estímulo.
Quem escreve gosta de ser lido. O resto é falsa modéstia.
No meu segundo período de férias, vou para Espanha. Sou Ibérico desde miúdo. Atravessei a fronteira, com a minha mãe, a fim de comprar géneros.
Na juventude convivi com muitos espanhóis. Para mim foram sempre "mis hermanos". Está tudo dito.
Abraço forte, Alexandra.
Manuel
E quem fala assim ...
Tem razão, a companhia dos amigos são o melhor estimulo para caminhar. Eu ando pouco risonha mas melhores tempos virão!
Abraço forte
e votos de uma semana melhor que boa!
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