sábado, outubro 14, 2006

ERICEIRA - 4

Foi amor à primeira vista. Dura há mais de vinte e cinco anos e resiste a todas as intempéries. E não há nesta relação nenhum roteiro sentimental, no sentido corrente da expressão.
Lembro-me da primeira vez como se tivesse sido ontem. Passagem pela Rinchoa, onde visitei o Manel Vaz que se debatia com uma teimosa e aborrecida febre-de-malta, Foz do Lizandro, finalmente, a Ericeira! E depois uma mariscada com o João Maria e a Natália, que eram, nessa altura, dois excelentes amigos. A Zélia estava grávida da Filipa.
É certo que não me agrada tanta construção, o inferno dos fins-de-semana, um certo novo-riquismo garrido e acéfalo. De segunda a quinta-feira, fora da curta época balnear, a Ericeira continua a ser uma pacata vila piscatória, de população envelhecida, onde é sempre agradável cavaquear nas esplanadas ou no interior dos seus cafés soalheiros. E escrever. E olhar demoradamente o mar que, mais que qualquer outro elemento da natureza, modelou o nosso carácter colectivo.

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