domingo, junho 18, 2006

AVALIAÇÃO DOS PROFESSOES II

Os professores são muito ciosos do seu trabalho e da sua competência. De um modo geral fazem de si próprios um juízo muito positivo e quando se fala de insucesso, a culpa é sempre de quem dirige, na 5 de Outubro. E também dos alunos e da restante comunidade escolar.
Se um pai ousar falar com o psicólogo e chamar a atenção para determinados comportamentos de docentes, o psicólogo dirá imediatamente que fulano e sicrano é bom professor e que desconhece o que se faz nas salas de aulas. Se o mesmo pai for falar com o director de turma e levar os mesmos problemas, aquele dir-lhe-á que vai falar com o colega, mas que tem notícia de que é uma pessoa irreprensível e tecnicamente competente. É a corporação a funcionar no seu melhor e isto não é caricatura.
Na escola pública, os professores tendem a privilegiar os alunos mais dotados. O professor de Matemática gosta dos melhores alunos, o professor de Português gosta dos melhores alunos e o Educação Visual gosta dos melhores alunos. Dir-se-á que tudo isto é normal. Porém, eu argumento com uma tirada do meu mestre Saint-Exupéry: o verdadeiro homem deve confrontar-se com as situações mais difíceis. Trabalhar com os melhores é uma concessão à facilidade.
A avaliação contínua é e foi sempre uma "treta". Aluno esforçado, mas com duas negativas nos testes, nunca tem nota positiva. Talvez a Educação Física e a Religião e Moral, onde os alunos de nota quatro e cinco a muitas disciplinas, para não destoarem, acabam também por terem nota quatro e cinco. É a unanimidade da corporação.
Os pais intervenientes são mal vistos e os seus educandos prejudicados. Mesmo que não vão à Escola para defenderem os filhos. Quem ousar pôr em causa a sapiência e os métodos de determinados professores, vai ter a corporação contra si. Sei do que falo, porque sou pai e conheço bem a corporação. Por isso mesmo, sei que é uma ousadia glosar este tema. Não uma epopeia, obviamente.
Quem pensar que os professores são todos pessoas moralmente irrepreensíveis, está enganado. Têm todos os defeitos e virtudes dos restantes cidadãos. Por isso mesmo, devem ser classificados e avaliados com base em critérios utilizados para outras categorias profissionais.
Inculindo a Professora Bonifácio e o sempre contundente e sabe-tudo Vasco Pulido Valente.

1 comentário:

José Antunes Ribeiro disse...

Força,Manuel!

As corporações tendem a funcionar...defendendo os seus!
Como em tudo, há os muito bons, os assim assado e os medíocres. Destes a história não deveria rezar...
Um abraço,
Zé Ribeiro