quinta-feira, junho 29, 2006

ASSIM TAMBÉM EU!

Escrevi várias vezes que o meu pai e os meus avós amaram Portugal, sem nunca terem recebido nada em troca. Porque nunca receberam nada em troca, o seu amor era verdadeiro e desinteressado. Nunca sentiram necessidade de, em alta vozearia, dizerem do seu amor por Portugal.
Eram outros os tempos. Eram outras as mentalidades. Tinha-se do amor à pátria uma outra concepção. Nos tempos que correm, são poucos os que se preocupam verdadeiramente com a pátria. Fala-se abundantemente de Portugal - e alguns até parecem grávidos de Portugal, como um actual menbro do Governo disse há anos de outro membro do Governo, com muita graça-, mas o país tem para essas pessoas uma função meramente instrumental. Proclamam alto e bom som o seu amor à pátria, mas sugam-lhe as tetas até sangrar. A pátria é para essa gente uma espécie de vaca leiteira. Têm reformas milionárias, benefícios de toda a ordem, ordenados chorudos e muita riqueza acumulada. Nada devem à pátria e a pátria é sempre sua devedora.
Ontem, durante a hora da refeição, fiquei a saber que há um português, que apenas singrou na política, que aos cinquenta anos já é reformado, que vai ser novamente deputado e que foi nomeado como assessor da Caixa Geral de Depósitos. Num país com tanto desempregado - passe o populismo -, não se poderia arranjar tacho para dois ou três jovens, em princípio de vida e com mais necessidades? Que segredos se enterram com estas assessorias? Que silêncios se compram com certas nomeações?
Pobre pátria, a minha!
Assim, também eu!...

Sem comentários: