terça-feira, fevereiro 21, 2012

DO MEU DIÁRIO



Santa Iria de Azóia, 21 de Fevereiro de 2012 – Os dias têm corrido muito pressurosos, ainda que nem sempre – ou quase nunca – deixando boas recordações. Para dizer a verdade, não há mês do ano que não esteja associado a coisas ruins, que as boas, à semelhança dos milagres, são cada vez mais raras. Adiante.


No sábado passado visitei a exposição dedicada a Alves Redol, e por extensão ao neo-realismo, no museu vila-franquense com o nome daquele movimento literário dos anos 40-50 do séc. XX. Trata-se de uma exposição imperdível, não só pela abundância de documentos referentes ao autor de Barranco de Cegos; mas, também, pelo enquadramento sociopolítico, que permite uma visão alargada da vida portuguesa da época.


O visitante toma contacto com livros, velhas e novas edições, requerimentos, certidões, manuscritos, jornais, revistas, muitas fotografias, etc. E ainda materiais referentes a outras artes como o teatro e o cinema. Quem se deslocar a Vila Franca para ver esta exposição-homenagem, sem quaisquer preconceitos, há-de dar o tempo por bem empregue.


Adquiri um livro com depoimentos sobre Mário Sacramento, que devorei durante o serão e a noite de sábado. Eu conheço Máris Sacramento há muitos anos. Li amiúde páginas do seu diário, textos de crítica literária e a sua peça Teatro Anatómico. Não foi novidade para mim que todos aqueles depoimentos, dezenas e dezenas, fossem tão consensuais. Eu sabia que Mário Sacramento, o médico, o escritor, o crítico e o combatente pela liberdade, era um ser humano excepcional. Fiquei com a minha convicção reforçada.


Fiquei também a pensar que não tendo os portugueses feito o que Mário Sacramento lhes pediu - um país livre e fraterno -, o excepcional homem de acção terá de cá voltar.


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