sexta-feira, fevereiro 04, 2011

COM O NETO JOÂO
Santa Iria de Azóia, 4 de Fevereiro de 2011 – À hora a que alinhavo estas linhas, sei bem que minha mãe lá estará na Mata, de lágrima ao canto do olho, só e corroída de saudades. Faz hoje dois anos que deixámos o meu pai no Campo da Verdade. E neste dia, mais uma vez, fico a dever-lhe um ramo de flores.
Eu recordo o meu pai com uma enorme saudade. É certo que não era dado a grandes manifestações de ternura; porém, por detrás daquela máscara, por vezes rude, existia um homem imensamente sensível e um bom, capaz de abundantes gestos de generosidade, que incluíam mesmo aqueles que não eram da nossa família. Na nossa casa, quem entrava era bem tratado.
Não sei se a Filipa se lembrará, hoje, do avô. Provavelmente sim e é capaz de telefonar e falar com a avó. Os restantes familiares, entretidos com as suas importantes vidas e com as suas importantes pessoas, não se lembrarão. E se calhar é assim mesmo que deverá ser, que a comiseração não faz bem a ninguém. Também não tenho intenções de falar mais, hoje, deste assunto, a não ser com minha mãe, com quem falo todos os dias e por vezes mais do que uma vez.
E aqui ficam estas palavras desajeitadas, que é a forma que tenho de prestar uma homenagem a uma das pessoas que mais amei.

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