TERMINAÇÃO DO ANJO
Passada a surpresa do “estremeção” inicial, a leitura de TERMINAÇÃO DO ANJO de Daniel Abrunheiro decorreu-me sem sobressaltos, embora me tenha exigido uma grande concentração.
Apesar de já ter no activo muitas narrativas e algum cinema, nomeadamente de autores como Arthur Conan Doyle, Poe, Agatha Christy e Alfred Hitchcok, seria excessiva presunção da minha parte afirmar que nada me surpreendeu e não reconhecer a originalidade deste excelente autor de língua portuguesa. Se a leitura me decorreu sem sobressaltos, isso fica a dever-se à engenhosa forma de conduzir a narrativa, que tornou Camilo Ardenas e a sua actuação perfeitamente verosímeis.
A surpresa maior há-de o leitor encontrá-la no diálogo entre Camilo Ardenas, o anjo terminador - de António Tomás Jesus Duque, Ismael Janeiro Lonas Arco e Orlando Gil Coura Serafim, ourives o primeiro, arquitecto o segundo e professor de latim o último – e Francisco Gabriel Andrade Corvo, o arcanjo, que trás colado ao nome outro Gabriel, bíblico e anunciador de vida.
O longo diálogo entre o anjo Camilo e o arcanjo Gabriel, que poderia ser apresentado sob outra forma, é em minha opinião uma intrusão curiosa do género dramático neste romance, como que a demonstrar que em literatura não há géneros puros.
O próprio título merece algumas palavras, porque permite que se instale desde o início alguma ambiguidade, que só vai desaparecer com a terminação do anjo terminador. Dir-se-ia que o investimento literário começa no próprio título.
Os futuros leitores de Daniel Abrunheiro, aqueles que desconhecem a sua produção lírica, hão-de, se de Eça tiverem sido leitores, notar o mesmo gozo na utilização inusitada das palavras, num romance onde não falta sequer uma ou mais referências à Senhora D. Patrocínia da RELÍQUIA.
Aqui ficam estas notas e uma pequena relação de verbos inventados por Daniel: “douraverdear”, “carneirar”, “mesmerizar”, “esponjar”, “nadegar”, “ginvermutar”, etc., para abrir o apetite a potenciais leitores.
Abrunheiro, Daniel, Terminação do Anjo, Portugália Editora, 1º Ed., Lx. 2008.
Passada a surpresa do “estremeção” inicial, a leitura de TERMINAÇÃO DO ANJO de Daniel Abrunheiro decorreu-me sem sobressaltos, embora me tenha exigido uma grande concentração.
Apesar de já ter no activo muitas narrativas e algum cinema, nomeadamente de autores como Arthur Conan Doyle, Poe, Agatha Christy e Alfred Hitchcok, seria excessiva presunção da minha parte afirmar que nada me surpreendeu e não reconhecer a originalidade deste excelente autor de língua portuguesa. Se a leitura me decorreu sem sobressaltos, isso fica a dever-se à engenhosa forma de conduzir a narrativa, que tornou Camilo Ardenas e a sua actuação perfeitamente verosímeis.
A surpresa maior há-de o leitor encontrá-la no diálogo entre Camilo Ardenas, o anjo terminador - de António Tomás Jesus Duque, Ismael Janeiro Lonas Arco e Orlando Gil Coura Serafim, ourives o primeiro, arquitecto o segundo e professor de latim o último – e Francisco Gabriel Andrade Corvo, o arcanjo, que trás colado ao nome outro Gabriel, bíblico e anunciador de vida.
O longo diálogo entre o anjo Camilo e o arcanjo Gabriel, que poderia ser apresentado sob outra forma, é em minha opinião uma intrusão curiosa do género dramático neste romance, como que a demonstrar que em literatura não há géneros puros.
O próprio título merece algumas palavras, porque permite que se instale desde o início alguma ambiguidade, que só vai desaparecer com a terminação do anjo terminador. Dir-se-ia que o investimento literário começa no próprio título.
Os futuros leitores de Daniel Abrunheiro, aqueles que desconhecem a sua produção lírica, hão-de, se de Eça tiverem sido leitores, notar o mesmo gozo na utilização inusitada das palavras, num romance onde não falta sequer uma ou mais referências à Senhora D. Patrocínia da RELÍQUIA.
Aqui ficam estas notas e uma pequena relação de verbos inventados por Daniel: “douraverdear”, “carneirar”, “mesmerizar”, “esponjar”, “nadegar”, “ginvermutar”, etc., para abrir o apetite a potenciais leitores.
Abrunheiro, Daniel, Terminação do Anjo, Portugália Editora, 1º Ed., Lx. 2008.
1 comentário:
Manuel,
Excelente leitura para um livro excelente!...
Boas Férias! Um abraço!
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