Santa Iria de Azóia, 9 de Janeiro de 2011 – Quando viajo por esse país fora, fico contente quando vejo os campos lavrados, as oliveiras limpas, a cortiça tirada, manadas ou rebanhos a pastar. Sinto a mesma emoção na Beira Baixa, no Alentejo e noutras regiões de Portugal.
Antes de sermos um país mais ou menos industrializado, fomos um país rural. De resto, a minha infância foi passada na Beira Baixa, em contacto com o campo e com as actividades ao campo ligadas. É por isso que me alegro quando vejo os campos tratados e entristeço quando os vejo abandonados.
Sei bem quão difícil é a vida do campo; sobretudo, onde os homens e as mulheres têm que fazer todo o trabalho. Sei quanto custa colher azeitona à unha, de sol-a-sol; sei quanto custa tratar das hortas nas leiras da sobrevivência; sei quanto custa tratar do gado - ainda que a antiga transumância tenha desaparecido -, na região onde nasci. Compreendo, portanto, as razões primeiras da desertificação do interior e a consequente litoralização de um país inteiro.
Nos últimos tempos, com a crise instalada, tem-se falado na necessidade de fazer aumentar a produção agrícola nacional. Tem-se falado, igualmente, na necessidade de olhar de novo para o mar. E creio bem que esses sejam os caminhos que terão que ser percorridos. Ter-se-á que voltar aos sítios de onde se partiu ou a onde deixou de se ir. Agora, certamente, com sacrifícios redobrados.
2 comentários:
Também gosto de ver a terra bem tratada.
Mas não é tarefa fácil.
Sei...
Voltar ao sítio de onde parti? Não vai ser difícil.
Voltarei sempre e se um dia puder, não apenas para colher, como faço agora.
Maria José,
O problema não se põe no plano pessoal. Este voltar tem a ver com a questão da produção nacional.Com os caminhos a percorrer para vencer a crise.
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