segunda-feira, janeiro 03, 2011

DO MEU DIÁRIO


Lisboa, 3 de Janeiro de 2011 – De Vila Nova de Milfontes até Monforte, o Alentejo oferece ao viajante uma multiplicidade de rostos. Enganam-se, portanto, todos os que dizem que o Alentejo é monótono.
Ainda ontem, quando fui de Évora para Viana, a fim de visitar o meu amigo João Teixeira, pude apreciar a variedade da paisagem: mansas ovelhas aqui, vacas e mais vacas além, agora porcos pretos, e, a seguir, mais vacas, toiros e porcos. E muitas cegonhas, vaidosas, que tanto apreciam as alturas e têm o privilégio de lhes construírem as casas. Disse-me o João Teixeira que os pardais, finos como a pólvora, se aproveitam, à grande, das mordomias concedidas às cegonhas.
Logo à saída de Évora, o viajante é surpreendido pela presença de eucaliptos, ainda rasteirinhos, junto às bermas da estrada; porém, a seguir surgem os pinheiros mansos, que mais à frente dão o lugar aos sobreiros e às azinheiras. E também às inevitáveis e quiçá multi-centenárias oliveiras.
Finalmente Viana - onde o poeta João Teixeira vive há vários anos - e a alegria de um reencontro. E pela primeira vez, nos últimos anos, nem uma única palavra acerca de livros. Pois as conversas, como já atrás ficou dito, também se fazem de seres como cegonhas e pardais.

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