quarta-feira, novembro 24, 2010

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Para Eugénio de Andrade


José Fontinha foi o nome que não quis. Muito jovem ainda já era génio e fogo.

Paradoxalmente, as fontes, os rios, a água e o mar, estão desde sempre presentes na sua poesia, a par do deserto e da brancura da cal.

Monfortinho.

Oh, admirável luva para as metáforas do deserto e da brancura da cal!...

Ali aconteceu a revelação da luz, da crueza do sol, dos silêncios e da alegria do verão. Porventura, do zumbido dos moscardos.

Monfortinho.

Só em Monfortinho, na infância longínqua, podia ter aprendido a falar do deserto, da brancura da cal, da incontornável brancura da cal. Foi ali, naquela terra sáfara, que bebeu a música e o silêncio.

Manuel Barata, FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005



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