quinta-feira, janeiro 15, 2009

DO MEU DIÁRIO

"Serei tudo o que disserem
por inveja ou ngaçõ:
cabeçudo dromedário
fogueira de exbição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!"
ARY
Jardim Ary dos Santos

Santa Iria de Azóia, 15 de Janeiro de 2009Conheci o poeta José Carlos Ary dos Santos, decorria o ano de 1978. Era director da Sociedade 1º de Agosto de Santa Iria de Azóia, que foi um baluarte na defesa das portas que Abril abriu.

Conheci Ary dos Santos, quando o povo ainda enchia salas e praças e ruas, para pugnar pelas conquistas de Abril e ouvir “canto livre”. Ary dos Santos, que não era cantor, dizia os seus versos e por vezes com tanta força e veemência, que comovia e empolgava os mais vastos auditórios. Foi indiscutivelmente o grande poeta da Revolução.

Hoje, queria deixar aqui duas notas acerca da generosidade de Ary. Primeira: recebia, como todos os restantes camaradas cantores o seu “cachet”; porém, arranjava sempre forma de devolver o dinheiro à Sociedade Recreativa. É que Ary, trabalhador criativo de publicidade, não necessitava do dinheiro dos espectáculos para viver. Segunda: perto da sua casa, na Rua da Saudade, havia uma rapariga deficiente, que vivia com imensas dificuldades, sozinha com a mãe. Ary dava àquela família carenciada dois mil escudos todos os meses.

Foi sobre este Homem e este Artista que muitos canalhas lançaram lama.


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