INTRÓITO
1
De e com livros tem sido feita a minha vida:
Bons, maus, e assim-assim.
Neles, aprendi metade do pouco que sei;
Sem eles, não sei dizer o que de mim seria!
Outro homem, decerto, seria…
2
Com Fonseca, Manuel como eu,
No culto das musas me iniciei:
Ainda hoje vejo passar a tuna do Zé Jacinto
E me delicio com as alvas rolas,
Que Maria Campaniça escondia sob a blusa.
Por mil anos que um homem viva
Há metáforas que nunca morrem nem esquecem.
3
A prosa chegou com a colecção seis balas.
Só depois chegou Ferreira de Castro
E o seu casto português.
Fiz-me amigo de Manuel da Bouça e de Ricardo;
E, sobretudo, de Marreta e Horácio.
(E é chegado o momento de dizer,
Que se dane o espanhol que não quer
Referências culturais na poesia.
Que se dane pois o espanhol,
Cujo nome já esqueci).
4
Santareno,
Veio ainda antes de Vicente!
Primeiro, o Édipo de Alfama;
Só depois, chegou o pai de Antígona.
Que milagre terá acontecido?
5
De e com livros tem sido feita a minha vida.
1
De e com livros tem sido feita a minha vida:
Bons, maus, e assim-assim.
Neles, aprendi metade do pouco que sei;
Sem eles, não sei dizer o que de mim seria!
Outro homem, decerto, seria…
2
Com Fonseca, Manuel como eu,
No culto das musas me iniciei:
Ainda hoje vejo passar a tuna do Zé Jacinto
E me delicio com as alvas rolas,
Que Maria Campaniça escondia sob a blusa.
Por mil anos que um homem viva
Há metáforas que nunca morrem nem esquecem.
3
A prosa chegou com a colecção seis balas.
Só depois chegou Ferreira de Castro
E o seu casto português.
Fiz-me amigo de Manuel da Bouça e de Ricardo;
E, sobretudo, de Marreta e Horácio.
(E é chegado o momento de dizer,
Que se dane o espanhol que não quer
Referências culturais na poesia.
Que se dane pois o espanhol,
Cujo nome já esqueci).
4
Santareno,
Veio ainda antes de Vicente!
Primeiro, o Édipo de Alfama;
Só depois, chegou o pai de Antígona.
Que milagre terá acontecido?
5
De e com livros tem sido feita a minha vida.
VÁRIA
AMAR
AMAR
É estar sentado,
À porta da nossa casa
Numa noite de Verão.
E ao luar,
Absorto
No voo
Dos meus pensamentos,
Comer tâmaras,
Em paz.
E saber,
Amor,
Que esperas
Que a brisa passe
E eu procure,Ternamente,
A tua face.
DESENCONTRO
Sempre desejei
Um coração
De camponesa
Para gémeo do meu.
Só assim,
Pensava eu,
Poderia sentir,
Plenamente,
O alor
E o respirar
Da terra.
Outra coisa;
Porém, ditou
O poderoso destino.
E por isso
Vivo
O desatino
Dos desencontros.
Até um dia…
Ou talvez
Para sempre!
ROUXINOL
Eu tenho inveja de ti
Que voas
E cantas
E longe
E alto levas
O teu canto!
Enquanto eu
– Simples aspirante a cantor –,
Sou incapaz
De dar asas
E levar longe
E alto
O meu humilde canto.
Eu,
Humano
E sensível,
Tudo faço
Ao rés-da-terra.
INSTANTES
Quando o sol –
O grande colorista de Cesário –
Inunda o dia
E os passarinhos
Dão concerto de piano
Nas roseiras
E nos arbustos
Do meu jardim,
Saboreio
Por vezes
A alegria.
É então
-Gozando as delícias da preguiça -
Que mais concordo com Adília.
O resto,
Obviamente,
É conversa.
1 comentário:
Que bonito Manuel!
Ligeiros ficamos deposi desta viagem pelos sues poemas frescos, saudosos e se eu fosse o rouxinol de que fala, certamente gostaria de ouvir este poema cantado ao fim do dia.
E o resto é conversa, ora bem, essa sei eu!
Beijinhos e jà muito frio...
LM
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