terça-feira, setembro 23, 2008

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 21de Setembro de 2008 – Por muito esforço que se faça, o real quotidiano impõe-se-nos, muitas vezes, de forma tão contundente, que se torna difícil fintá-lo. Aqui ficam, para que conste, algumas notas sobre esse inevitável real:

A primeira concerne ao General António dos Santos Ramalho Eanes, meu compatriota, que nunca ajudei a eleger, mas cuja verticalidade sempre admirei. Passado o desvario dos últimos tempos do seu segundo mandato como Presidente da República, nomeadamente o episódio da fundação do PRD, soube afastar-se da ribalta e constituir-se como uma espécie de reserva moral desta velha Nação. A recusa de 1, 3 milhões de euros, que os tribunais lhe atribuíram por ter sido espoliado, demonstra a grandeza deste Homem. Outros, que o combateram e lhe negaram aquilo a que tinha direito, seriam incapazes de um gesto idêntico.

A segunda diz respeito a Maria Keil, que conheci nos idos de setenta do século passado, numa Repartição de Finanças, onde trabalhava então. A grande pintora e ceramista, viúva de Francisco Keil do Amaral, deslocara-se a Moscavide para tratar de um assunto do agora defunto Imposto Sucessório e foi atendida por este vosso amigo. Já teria setenta e tal anos, mas mantinha uma grande frescura, como se o tempo passasse e não deixasse mossas. Conversámos de várias coisas: Camarate, José Gomes Ferreira, Cochofel e Carlos de Oliveira. Em circunstâncias mais ou menos idênticas havia de conhecer Fernando Campos, alguns anos mais tarde.

Maria Keil, para quem não saiba, pintou os primeiros azulejos para o metropolitano de Lisboa e nunca recebeu um chavo. Parece que os engenheiros, economistas e gestores que mandam no Metro - e também no país -, se preparam para destruir aquilo que generosamente a pintora e ceramista doou à cidade. Isto não é comportamento de gente civilizada. Esta atitude é mesquinha e é uma afronta à obra de uma grande criadora. Indmissível!!!
E por fim, o novo Código do Trabalho, que há-de fazer alguns portugueses ainda mais desgraçados, deixando-os nas mãos dos nossos audaciosos e competentes patrões. Foi aprovado pelo PS e com a abstenção matreira e oportunista do PPD-PDS, ou seja, com o sim de um dos manos e o nim do outro. Em nome de quê, concretamente?

E por agora é tudo.

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Manuel da Mata disse...

Eu não votei; mas considero-o um cidadão impoluto.
Obrigado pelo comentário.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LM,paris disse...

Olà manuel,
dê uma volta na dispersa palavra, tem um post sobre os azulejos e uma petiçao.
Beijos LM