domingo, janeiro 14, 2007

A PREGUIÇA

O Homem que trabalha – refiro-me ao trabalhador braçal -, não vive em conformidade com a sua natureza. Dotado de inteligência e da faculdade da linguagem, deixou-se escravizar de tal forma, que é comum ouvirmos dizer a muitas criaturas de Deus, que morreriam se não tivessem trabalho.

Como sabeis, o filho de Deus não ensinou: trabalhai-vos uns aos outros! Jesus, que não consta que tivesse trabalhado na carpintaria de S. José, ou pelo menos, os evangelistas oficiais não aventam sequer essa possibilidade, foi peremptório: “Amai-vos uns aos outros.” E mais disse: “Uni-vos e multiplicai-vos.”

Jesus, como todos sabeis, veio à Terra para nos redimir do pecado cometido pelos nossos primeiros pais. E que fizeram eles? Pensais que foram castigados por terem preguiçado? Não. Foram condenados porque tiveram a ousadia de saborear o fruto da árvore do conhecimento. Se assim dizem os livros sagrados, o trabalho surge, com toda a evidência, como um castigo.

O trabalho, diz o povo, não faz bom cabelo a ninguém. Que trabalhem pois, aqueles a quem o trabalho dá saúde e felicidade; que trabalhem, pois, aquelas negras formigas que nunca reflectiram acerca do seu negro estado e condição, e que merecem, por isso mesmo, ser espezinhadas; que trabalhem, pois, todos aqueles que, não tendo amor-próprio, se sujeitam aos malefícios das actividades braçais. Essa gente que poderá, estou certo disso, filiar-se na INTERSINDICAL e na UGT, mas nunca merecerá pertencer ao minúsculo grupo dos amigos de Paul Lafargue.

Para terminar este ponto, deixo-vos uma pergunta como tema de reflexão: será a preguiça, em bom rigor, um pecado capital?

3 comentários:

José Antunes Ribeiro disse...

Manel,
Estou com uma preguiça do caraças...não escrevo nada!...
Um abraço

José Antunes Ribeiro disse...

Manuel,
Parece que sou o único preguiçoso que vem escrever aqui!...
A sério, os que se dizem preguiçosos, que eu conheço, fartam-se de trabalhar...muitas vezes para o boneco!...

José Antunes Ribeiro disse...

Manel,

A preguiça contagiou-te?!...
Um abraço