sexta-feira, janeiro 12, 2007

AO CONTRARIO DAS ONDAS

Um romance de Urbano Tavares Rodrigues
Urbano Tavares Rodrigues é um dos mais prolixos e generosos autores portugueses. Tem uma obra com dezenas e dezenas de títulos, no domínio da ficção narrativa; traduziu e prefaciou livros de muitos autores; leu e ensinou a ler, enquanto crítico e académico, um sem número de obras. É um daqueles portugueses raros, a quem o país nunca pagará o trabalho, a imaginação e os agravos.

Li de UTR AO CONTRÁRIO DAS ONDAS, um romance com a chancela da DOM QUIXOTE, onde o autor trata temáticas que lhe são muito caras: as relações amorosas, as relações de amizade, as relações políticas, etc. A figura central de toda a narrativa é um certo Lívio, que estivera exilado para não fazer a guerra colonial. Regressa com o 25 de Abril e chega a ser deputado pelo MDP. Casou com Sabina, mas este homem não se contentava em sê-lo de uma só mulher. Sabina não encaixa a promiscuidade de Lívio e põe termo à relação já com Lívio ministro da justiça de um governo de direita.

A relação de Lívio com Mafalda é uma relação sem grandes compromissos, porque à primeira todos caem… Encontram-se, mas Mafalda nunca terá a preponderância que Sabino tivera na vida de Lívio. Esta, apesar da formação académica e do jeito para a pintura, é uma mulher frívola.

António Pedro, que é Conservador, é o melhor amigo de Lívio, ou seja, assim como que um seu alter ego. É aquele que tudo faz metodicamente, sem grandes rasgos, mas que mantém a coerência primordial. E curiosamente, coisa que já vinha de longe, vive na dependência sexual dos arranjinhos do amigo. Incluindo Sabina e Mafalda, no seu magro rol.

Nesta ficção de UTR, Lívio, o ministro da justiça, ao aperceber-se de que o ministério a que pertence quer privatizar a justiça, demite-se.

Estruturalmente o romance pode-se dividir em quatro partes, tratando cada uma delas de uma das quatro personagens principais do romance, que termina com uma longa carta de António Pedro a Sabina, onde, no fundo, analisa a sua relação com as restantes personagens, revelando-se também a si mesmo.

É um romance escrito com a habilidade, o talento e a delicadeza que UTR põe em tudo o que faz.

1 comentário:

José Antunes Ribeiro disse...

Caro Manuel,

É justa a tua chamada de atenção para este grande professor da nossa velha Faculdade! E que pena não ter sido seu aluno. A minha área não o permitia, hélas.
Mas sou seu amigo e leitor. A delicadeza do Urbano! A cordialidade! A bondade! E que dizer mais? Um Homem!