segunda-feira, maio 21, 2012

DO MEU DIÁRIO


Santa Iria de Azóia, 21 de Maio de 2012 – Valentim Gil, que conto no rol dos meus amigos, anda preocupadíssimo com o presente e com o futuro da sua família e do nosso país. O presente conhecemo-lo bem. A minha família já perdeu quatro vencimentos anuais, suporta bens e serviços à taxa de IVA de 23% (antes 6 e 13%), diminuíram-lhe as comparticipações nos medicamentos e aumentaram-lhe as chamadas taxas moderadoras. Falar de uma perda real de cerca de 30% do poder de compra é fazer as contas por baixo. Mas o pior ainda está para vir.

O futuro, diz-se, a Deus pertence. No entanto, os totalitários que nos desgovernam, pensando ser esta a definitiva e melhor forma de organizar e governar o mundo a seu bel-prazer, vão esticando, esticando a corda, crentes na mansidão do povo português. Ora, este povo que amo e sou (acho que já escrevi isto noutro texto) soube sempre encontrar soluções nas horas de maior aperto. A ideia de que o povo português é manso é falsa, porque temos a nossa História repleta de guerras civis e até de assassinatos políticos.

Poderemos passar por horas de grande aperto, mas os totalitários não contam, porque nela não acreditam, com a oposição que, inevitavelmente, terá que surgir. O próximo ano, quando todas as medidas do “Gasparoika” forem postas em prática, a radicalização tornar-se-á inevitável. E depois veremos.

O grande problema da hora que passa radica na desregulamentação do capitalismo, ou seja, no predomínio do capital financeiro sobre o capital produtivo, no fundo, sobre a economia propriamente dita (terei dito alguma enormidade?). E das duas, uma: ou os povos deixam o capitalismo reorganizar-se e continuar a cavar desgraças; ou, então, têm de ousar e encontrar outras formas de tratar do estado do mundo. E elas existem.

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