segunda-feira, janeiro 31, 2011

É TÃO FELIZ O MEU AMOR

Esta quadra é um primor
- Tem perfeita construção -.
É pra dar ao meu amor,
Que trago no coração.

Há quem dê flores e rosas
E outras coisas de valor.
Eu só dou versos e prosas
E é tão feliz o meu amor.

Meu amor pede-me versos
Para animar o serão.
Já anda farta de terços
Rezados sem devoção.

E assim vamos vivendo,
Em paz e muita harmonia,
O coração entretendo
Com afagos de magia.

sábado, janeiro 29, 2011

PEQUENA HOMENAGEM

João Teixeira, ao centro, de cachecol, na sessão de lançamento de
FRAGMENTÁRIA MENTE de Manuel Barata, de pulôver encarnado.
Quadra bem João Teixeira
- Oh, que belas quadras faz! –
Ironia de primeira,
Em ritmo calmo e sagaz.

Eu gosto deste poeta
Do “coisismo” já chamado.
Para mim tem a faceta
De ser firme e delicado.

Usa o verbo com mestria
E cada dia melhor.
É do Alentejo a magia
Deste poeta de valor.


(Manuel Barata, Inéditas)
CASAS DE ALTERNE


Entro nas casas de alterne
Por obrigação profissional;
Mas topam imediatamente
Os frequentadores habituais
E aquelas noctívagas mulheres
Quão estranho me sinto e sou
Dentro de tais aquários.
Lisboa tem para todos os gostos
E para todas as carteiras:
Moldavas, lusas, brasileiras,
De cabelos pretos, ruivos, loiros.
O à-vontade ganha-se indo,
Os pidgins aprendem-se falando.
O fundamental é ter pilim!




domingo, janeiro 23, 2011

TERRAS DO MUNDO C. BRANCO)

PRAÇA VELHA(CAMÕES)
PRAÇA VELHA (CAMÕES)

CENTRO DA CIDADE (G. CIVIL)

EDIFÍCIO DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS
Castelo Branco é cidade
De muito frio e calor.
Rica terra, na verdade,
Pra viver c'o meu amor.




TERRAS DO MUNDO (MATA-CASTELO BRANCO)



CAPELA DE S. PEDRO AO CIMO
OLIVAIS TRADICIONAIS



sábado, janeiro 22, 2011

TERRAS DO MUNDO (MATA-CASTELO BRANCO)

A MINHA ESCOLA PRIMÁRIA - É A ESCOLA DO PROJECTO BELGAIS
Rua do Arrabalde

Rua do Adro


Minha Mata solitária
Eu jamais te olvidarei;
Não és muito solidária,
Mas és ladina, bem sei.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 19 de Janeiro de 2011 – O caso Castro continua a encher espaços informativos nas televisões e a coisa parece estar para durar. Basta que o presumível assassino não se declare culpado e, por mais célere que seja a justiça americana, teremos festim com duração imprevisível. Na verdade, algo fede neste velho reino da Lusitânia.

A campanha para as presidenciais tem sido ofuscada por este caso macabro, que as televisões, quais abutres, não largam. Não me espantará, portanto, que a abstenção aumente ou que os portugueses, hoje menos exigentes do que ontem, vão votar maioritariamente num candidato medíocre. O caso Castro até vai distraindo os portugueses do endividamento do país e do modo como o governo tem estado a lidar com o problema.

Eu queria que esta campanha fosse viva e esclarecedora. Eu explico melhor: gostava que o presidente de Portugal, que volta a ser candidato, pudesse esclarecer cabalmente as questões que lhe têm sido postas, sim, as de natureza patrimonial, para que quem nele vota não o faça só porque sim. E gostava também que todos esclarecessem os portugueses sobre matérias como a educação, o estado social, a justiça, etc.

Tenho dúvidas, se o resultado for o que é espectável, que o presidente de Portugal, que não o de todos os portugueses, possa cumprir até ao fim o seu mandato. Se tudo o que há para esclarecer não for esclarecido até sexta-feira, sê-lo-á mais tarde ou mais cedo e com graves custos para Portugal. A não ser que aceitemos definitivamente que a nossa pátria é uma república das bananas.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

DO MEU DIÁRIO

Moscavide, 11 de Janeiro de 2011 - Imbecilizada, a populaça entretém-se com o assassinato de Carlos Castro, um cronista social. Para esta adesão doentia muito têm contribuído os media, nomeadamente as televisões, que servem deste menu doses exageradas.

Para dizer a verdade, vi a vítima duas ou três vezes na televisão e não apreciei o género. Posso até dizer que, se tivesse morrido sem alarido, nunca mais me lembraria do cronista dito social. De resto, como não me lembraria de muitas outras figuras das revistas cor-de-rosa e da tv. Não fazem o meu género. Ponto. Lembro-me da morte de Luís Miguel Nava, um grande poeta português, e não me recordo de tanto “arroído”. Escrevia versos e morreu em Bruxelas.

Enquanto esperava para fazer um electrocardiograma, hoje, em Moscavide, ouvi um relato do caso de Nova Iorque, aos solavancos, com a justiça de permeio, que me arrepiou durante vários minutos. Nas televisões, nos jornais e nas redes sociais, posso evitar o caso; porém, o pior é quando somos assaltados assim, desarmados, numa sala de espera.

Ainda me apeteceu pedir à mulher para se calar; no entanto, mandou o decoro que me mantivesse em silêncio, que a língua daquela nossa concidadã poder-me-ia aspergir com o seu, por certo, letal veneno.

domingo, janeiro 09, 2011

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 9 de Janeiro de 2011 – Quando viajo por esse país fora, fico contente quando vejo os campos lavrados, as oliveiras limpas, a cortiça tirada, manadas ou rebanhos a pastar. Sinto a mesma emoção na Beira Baixa, no Alentejo e noutras regiões de Portugal.


Antes de sermos um país mais ou menos industrializado, fomos um país rural. De resto, a minha infância foi passada na Beira Baixa, em contacto com o campo e com as actividades ao campo ligadas. É por isso que me alegro quando vejo os campos tratados e entristeço quando os vejo abandonados.


Sei bem quão difícil é a vida do campo; sobretudo, onde os homens e as mulheres têm que fazer todo o trabalho. Sei quanto custa colher azeitona à unha, de sol-a-sol; sei quanto custa tratar das hortas nas leiras da sobrevivência; sei quanto custa tratar do gado - ainda que a antiga transumância tenha desaparecido -, na região onde nasci. Compreendo, portanto, as razões primeiras da desertificação do interior e a consequente litoralização de um país inteiro.


Nos últimos tempos, com a crise instalada, tem-se falado na necessidade de fazer aumentar a produção agrícola nacional. Tem-se falado, igualmente, na necessidade de olhar de novo para o mar. E creio bem que esses sejam os caminhos que terão que ser percorridos. Ter-se-á que voltar aos sítios de onde se partiu ou a onde deixou de se ir. Agora, certamente, com sacrifícios redobrados.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

DO MEU DIÁRIO


Lisboa, 3 de Janeiro de 2011 – De Vila Nova de Milfontes até Monforte, o Alentejo oferece ao viajante uma multiplicidade de rostos. Enganam-se, portanto, todos os que dizem que o Alentejo é monótono.
Ainda ontem, quando fui de Évora para Viana, a fim de visitar o meu amigo João Teixeira, pude apreciar a variedade da paisagem: mansas ovelhas aqui, vacas e mais vacas além, agora porcos pretos, e, a seguir, mais vacas, toiros e porcos. E muitas cegonhas, vaidosas, que tanto apreciam as alturas e têm o privilégio de lhes construírem as casas. Disse-me o João Teixeira que os pardais, finos como a pólvora, se aproveitam, à grande, das mordomias concedidas às cegonhas.
Logo à saída de Évora, o viajante é surpreendido pela presença de eucaliptos, ainda rasteirinhos, junto às bermas da estrada; porém, a seguir surgem os pinheiros mansos, que mais à frente dão o lugar aos sobreiros e às azinheiras. E também às inevitáveis e quiçá multi-centenárias oliveiras.
Finalmente Viana - onde o poeta João Teixeira vive há vários anos - e a alegria de um reencontro. E pela primeira vez, nos últimos anos, nem uma única palavra acerca de livros. Pois as conversas, como já atrás ficou dito, também se fazem de seres como cegonhas e pardais.

DO MEU DIÁRIO


Évora, 1 de Janeiro de 2011 – Acordei tal como entregara o corpo a Morfeu: cansado e apreensivo.
À partida, a chegada de um Ano Novo costuma ser celebrada com alegria; no entanto, ainda que o Ano Velho não me tenha deixado saudades, e desejasse vê-lo pelas costas, este que agora se inicia não augura grandes coisas.
Haja saúde e aguardemos todos, eu disse todos!, o 2012 com mais optimismo.

Évora, 2 de Janeiro de 2011 – Manhã cinzenta, em Évora, a condizer com o nevoeiro que envolve a minha alma – essa que vou construindo paulatinamente (olá Isabel Mendes Ferreira!, um bom ano para si) -, neste começo de Janeiro.
Do local onde escrevo, vêem-se os cocurutos de igrejas de Évora. E também da catedral, que ontem se encontrava de portas fechadas, o que já se tornou uma rotina e uma fatalidade.
Pela primeira vez, estive, ontem, no Redondo, que os irmãos Salomé celebrizaram. Uma terrinha simpática com muitas casas listadas de azul (barrões azuis), onde ainda ardia o madeiro natalício. E muitas laranjeiras bravas que, para além de serem um elemento decorativo interessante, me trazem à memória moiras encantadas.
Moiras encantadas! Vá-se lá saber porquê…