domingo, dezembro 25, 2011



TENHO O VELEIRO ANCORADO



Com David Mourão-Ferreira ne memória




Ah, dói tanto esta ferida,

que trago no coração.

É por te não ver, querida,

que não tenho outra razão.



Preciso de te falar,

de te abrir o coração.

Já não posso mais calar

a minha inquietação.



Tenho o veleiro ancorado

e sinto forte a aragem.

Vem meu amor desejado

pra fazer nossa viagem.



Vamos sulcar largos oceanos

à aventura e sem medo.

Quero mostrar-te lugares,

contar-te um velho segredo.



Vem. Vamos neste veleiro,

hoje, já, sem rota certa.

Vem meu amor feiticeiro,

que a porta está sempre aberta.




in Quadras Quase Populares, Ulmeiro, Lx., 2003.

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