TENHO O VELEIRO ANCORADO
Com David Mourão-Ferreira ne memória
Ah, dói tanto esta ferida,
que trago no coração.
É por te não ver, querida,
que não tenho outra razão.
Preciso de te falar,
de te abrir o coração.
Já não posso mais calar
a minha inquietação.
Tenho o veleiro ancorado
e sinto forte a aragem.
Vem meu amor desejado
pra fazer nossa viagem.
Vamos sulcar largos oceanos
à aventura e sem medo.
Quero mostrar-te lugares,
contar-te um velho segredo.
Vem. Vamos neste veleiro,
hoje, já, sem rota certa.
Vem meu amor feiticeiro,
que a porta está sempre aberta.
in Quadras Quase Populares, Ulmeiro, Lx., 2003.
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