BORGES
Passou pelo mundo, excêntrico e atrevido, um argentino a quem os deuses, um dia, negaram a luz. Onde quer que ia, diz-se, inundava os sítios com preciosas pedras, que irradiavam mais luz do que muitos sóis.
Modestamente, dessas pedras disse que uma só, se boa fosse, lhe daria todo o contentamento que os humanos podem experimentar. Enganou-se! Feitos os necessários testes, os sábios confirmaram que todas aquelas preciosas pedras eram veras fontes de luz.
Hoje, há uma legião de fiéis que se esforça para ordenar e descrever para todas as línguas do mundo as tais preciosas pedras, que são também sábias e raras.
Normal não é; porém, às vezes, os humanos vingam-se dos deuses.
Manuel Barata, FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005
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