QUADRAS DE ESCÁRNIO
Abril vai passando, lento,
E com poucas emoções.
O país vive o momento
Dos pulhas e dos ladrões.
Meu Portugal videirinho,
Onde tanto se labuta,
Tudo metes no cuzinho
De certos filhos de puta.
Ergue a cabeça e explode,
Como naquele outro Abril
E verás que quem te fode
Vai de novo pró Brasil
Ou outro sítio qualquer,
Com a fortuna aumentada.
Até te leva a mulher,
Deixando-te cá sem nada.
II
Eu amo este belo país,
Que espera quem não vem.
Terra de gente infeliz
De olhar vago e sempre aquém.
Obediente aos tiranos,
Pouco preza a liberdade.
Passa séculos e anos
Muito atido à caridade.
Um povo quer-se viril
E capaz de fazer frente
Aos que por maroscas mil
O querem triste e indigente.
Eu sei que não fico bem
Em tão severo retrato.
Azar. Português também,
Não mereço melhor trato.
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