quarta-feira, fevereiro 03, 2010

EM JEITO DE HOMENAGEM

FAZ HOJE UM ANO QUE NOS DEIXOU
Conheço um homem, a quem nunca tive e amabilidade de dedicar uma linha de humilde prosa, e que merece todo o respeito do mundo. Com sete anos, quando deveria aprender as primeiras letras e a tabuada, já calcorreava, descalço, caminhos e veredas, fragas inóspitas, atrás de um rebanho.
Sempre o ouvi dizer - e minha avó confirmava –, que o primeiro patrão lhe fizera as primeiras botas.
Porém, não estava talhado para a bucólica profissão de guardador de rebanhos, para tanta solidão. Analfabeto, já com dezoito anos, comprou uma pasteleira e fez-se aprendiz de construtor de casas. Pedra a pedra, tijolo a tijolo, ajudou a construir centenas de lares, ganhando a vida e espalhando conforto.
Nunca deixou, apesar das inúmeras voltas que a sua vida deu, que em sua alma morresse o amor pela Natureza. Teimoso, continua a trabalhar a terra, que já fora de seus avós, arrancando-lhe saborosos frutos.
Penso que não deve nada à pátria e que a pátria nada lhe deve. Pertence a um género de portugueses que ama e sempre amou Portugal sem condições.
In FRAGMENTOS COM POESIA, de Manuel Barata, Ulmeiro, 2005.

1 comentário:

João de Sousa Teixeira disse...

Também a minha (renovada) homenagem
e um abraço para ti, Manel

João