A entrada da Mata (C. Branco)
Santa Iria de Azóia, 6 de Março de 2011 - Mikhail Bakhtin viria muito mais tarde, quando já deixara de brincar ao Carnaval. Com ele aprendi, no entanto, sob o ponto de vista teórico, o pouco que sei sobre esta festa anual.
Bakhtin ensina-nos que o Carnaval era, na idade média, o tempo em que a pirâmide social era invertida e os súbditos podiam criticar livremente o suserano e até o próprio rei. Portanto, antes de mais, o Carnaval foi, e ainda é, um tempo de grandes liberdades, de muita licenciosidade. É aqui que radica o ditado popular “é Carnaval, ninguém leva a mal”.
Na minha infância e adolescência – e ainda nos primeiros anos da juventude- adorava imenso o Carnaval e participava activamente na grande festa de Praça Pública. Com outros rapazes e raparigas, participei em representações, os entrudos, através dos quais se criticavam aspectos da vida da comunidade. Era o entrudo chocalheiro de que falam as canções.
Na Mata, o dia de Entrudo começava com os rapazes a “fuscar” as raparigas, invadindo-se casas e a privacidade doméstica. Os rapazes solteiros procuravam as raparigas solteiras e faziam-lhes uma cruz na testa com pomada dos sapatos ou massa de lubrificação dos eixos e das rodas das carroças e mãos-cheias de farinha na cara. Havia sempre as raparigas que tentavam escapar à “fuscadela”, mas por vezes a coisa fazia-se já mais tarde durante o bailarico. Era dia de grandes correrias e de grande alarido.
Houve um Carnaval que nunca mais esqueci. O Carnaval que se seguiu à perda da Índia. O Dr. Salazar, intérprete único do sentir da pátria, decretou Portugal de luto e impediu os festejos. Mais recentemente, recordo-me bem daquele Carnaval que o Dr. Cavaco também tentou retirar aos funcionários públicos, como se estes festejos se impedissem por despacho. Foi o fim do princípio do dito como 1º ministro e nunca se brincou tanto ao Carnaval.
E para terminar este assunto, espero que se divirtam.
Bakhtin ensina-nos que o Carnaval era, na idade média, o tempo em que a pirâmide social era invertida e os súbditos podiam criticar livremente o suserano e até o próprio rei. Portanto, antes de mais, o Carnaval foi, e ainda é, um tempo de grandes liberdades, de muita licenciosidade. É aqui que radica o ditado popular “é Carnaval, ninguém leva a mal”.
Na minha infância e adolescência – e ainda nos primeiros anos da juventude- adorava imenso o Carnaval e participava activamente na grande festa de Praça Pública. Com outros rapazes e raparigas, participei em representações, os entrudos, através dos quais se criticavam aspectos da vida da comunidade. Era o entrudo chocalheiro de que falam as canções.
Na Mata, o dia de Entrudo começava com os rapazes a “fuscar” as raparigas, invadindo-se casas e a privacidade doméstica. Os rapazes solteiros procuravam as raparigas solteiras e faziam-lhes uma cruz na testa com pomada dos sapatos ou massa de lubrificação dos eixos e das rodas das carroças e mãos-cheias de farinha na cara. Havia sempre as raparigas que tentavam escapar à “fuscadela”, mas por vezes a coisa fazia-se já mais tarde durante o bailarico. Era dia de grandes correrias e de grande alarido.
Houve um Carnaval que nunca mais esqueci. O Carnaval que se seguiu à perda da Índia. O Dr. Salazar, intérprete único do sentir da pátria, decretou Portugal de luto e impediu os festejos. Mais recentemente, recordo-me bem daquele Carnaval que o Dr. Cavaco também tentou retirar aos funcionários públicos, como se estes festejos se impedissem por despacho. Foi o fim do princípio do dito como 1º ministro e nunca se brincou tanto ao Carnaval.
E para terminar este assunto, espero que se divirtam.
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