quinta-feira, fevereiro 15, 2007

AS NOSSAS OLIVEIRAS

Viram-te nascer e conhecem de cor os teus segredos. Foram a tua companhia, silenciosa e segura, durante centenas de anos.

Deram-te sombra, nem sempre boa, é certo, nos tórridos dias do Verão; a luz possível, antes do advento da electricidade; o calor nos Invernos, às vezes, tão longos e rigorosos; o tempero para a panela pobre, que tornava o feijão e a couve menos ásperos; o dinheiro para muitos dos restantes e indispensáveis bens.

E também, é justo que se diga, muito e aturado trabalho e servidão.

De qualquer modo, moldaram-te o carácter. Com elas aprendeste a mansidão e a austeridade. Por isso mesmo, nunca foste dada a sobressaltos e a paixões. Em toda a minha vida, apenas ouvi falar de um crime passional, perpetrado por um homem, a quem o amor de uma mulher não quis servir. Foi muito antes de eu ter nascido e já passei há muito pelos cinquenta.

Benditas sejam para sempre as nossas oliveiras!

3 comentários:

papu disse...

Verde foi meu nascimento
mas de luto me vesti
para dar a luz ao mundo
mil tormentos padeci...

esta é uma velha adivinha que aprendi com a minha mãe, de compreensão inacessível àqueles que só conhecem a luz eléctrica...

Estive em Lisboa e tive o prazer de conhecer o nosso amigo Zé Ribeiro.

Um abraço e bom domingo

Manuel da Mata disse...

Conheceu a inteligência e a bonomia.
Conhecemo-nos há vinte e tal anos na FL de Lisboa e ficámos amigos até hoje.
Inda ontem bebemos um café.

Continuação de bom fim-de-semana.

José Antunes Ribeiro disse...

Caro Manel,

Bom homem, homem bom, serei!
Quanto à inteligência...a minha mãe, mulher do campo e analfabeta muito inteligente...não tinha seguramente a tua opinião! Estou a começar a dar-lhe razão...
De qualquer forma, os piropos são para agradecer!