Santa Iria de Azóia, 31 de Dezembro de 2010 – Há para aí uns quantos académicos, autênticos coleccionadores de cargos e lugares, que se sentem no direito de prescrever direitos e deveres para os seus concidadãos, mas que nunca tiveram a generosidade de dar nada de seu aos outros.
Um ex-ministro das finanças é uma dessas personagens que, com auréola de quase santidade e de muita sabedoria, descrêem de Portugal e dos portugueses e prevêem mil e uma desgraças futuras. Diz o senhor, fazendo fé nos jornais, que Portugal, se continuar assim, dentro de cinco anos, na melhor das hipóteses, não terá capacidade para fazer face às necessidades básicas.
Bem sei que a situação é perigosa e que carece de medidas de fundo para resolver os seus problemas, que, nalguns casos, são tão velhos que até já não lhe conhecemos a idade. Sei também que as medidas preconizadas pelo ilustre académico e outros académicos, uns mais e outros menos ilustres, apontam todas no mesmo sentido: bater nos funcionários públicos e cortar nas despesas com as funções primordiais do Estado.
Eu gostava, por exemplo, que esta gente rica e bem instalada, num acesso de generosidade, preconizasse um corte radical em todas as reformas superiores a dois mil e quinhentos euros, porque estando aposentada e devidamente instalada, não necessita de tanto dinheiro para viver. Creio, no entanto, que esta minha ideia não vai ter aceitação, porque aquilo que as eminências ganham a título de reforma é justo. Todos trabalharam muito a favor da grei!
E depois há que manter a coesão social até ao fim das suas vidas. E há que ajudar os netos, para que tudo possa continuar a manter-se para beneficiar os do costume.
Cá para mim, que já não tão novo assim, creio que tudo acabará por se decidir nas ruas. E mais cedo do que muitos pensam.
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