DISCURSO
Muitos de nós que temos mãos e temos pés,
muitos de nós que fazemos adeus aos comboios nas estações,
muitos de nós que passeamos o conformismo pelas ruas da cidade,
muitos de nós,
um dia,
talvez um dia,
saibamos quão inúteis foram os nossos braços,
as nossas pernas,
as nossas bocas,
os nossos ouvidos
e os nossos cérebros.
Talvez um dia,
quando violarem o silêncio da nossa inutilidade
e já for demasiado tarde,
vejamos então como eram irreais
os nossos primorosos raciocínios.
Nesse dia,
não haverá lugar para lágrimas
e lamentações.
Nesse dia,
morreremos como cães:
sem palavras,
sem sonhos,
acéfalos,
loucos.
Muitos de nós que temos mãos e temos pés,
muitos de nós que fazemos adeus aos comboios nas estações,
muitos de nós que passeamos o conformismo pelas ruas da cidade,
muitos de nós,
um dia,
talvez um dia,
saibamos quão inúteis foram os nossos braços,
as nossas pernas,
as nossas bocas,
os nossos ouvidos
e os nossos cérebros.
Talvez um dia,
quando violarem o silêncio da nossa inutilidade
e já for demasiado tarde,
vejamos então como eram irreais
os nossos primorosos raciocínios.
Nesse dia,
não haverá lugar para lágrimas
e lamentações.
Nesse dia,
morreremos como cães:
sem palavras,
sem sonhos,
acéfalos,
loucos.
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