quarta-feira, agosto 31, 2011

HÁ QUALQUER COISA NO AR

Há qualquer coisa no ar,
Que me provoca alergia.
Não consigo respirar
E só vejo porcaria.


Vejo gente interesseira
De altos valores falar.
Consegue, desta maneira,
O povo ignaro enganar.


Vejo lobos com vontade
De sugar as grandes tetas,
Míngua de qualidade,
Muitas mentiras e tretas.


Gostava que Portugal
Fosse limpo e respeitado.
E não este lodaçal
Corrompido e aviltado.


in FRAGMENTÁRIA MENTE, ed. Alecrim, 2009








terça-feira, agosto 30, 2011

O DILÚVIO

Bem vistas as coisas, tudo filtrado pelo inexorável tempo – ah, essa misteriosa entidade, que protege todos os déspotas! -, a vida decorria sem inquietações, até ao dia do dilúvio que devastou a nossa frágil casa e nos trouxe horas e mais horas de infindável sofrimento e desespero.

Eu quis ser firme e decidido como os antigos generais e aguentar-me à tona das águas e ser paciente e acreditar que tudo teria uma solução. Destruída a casa, perdida a caixa onde guardara todos os sonhos, senti-me triste e fraco e deixei que as lágrimas aumentassem o caudal das águas.

De certa maneira - prefiro a expressão francesa “dans un certain sens” -, senti o desespero dos bíblicos judeus na antiquíssima Babilónia; porém, nunca fiz promessas nem implorei a Deus.

As águas baixaram e a casa há-de reconstruir-se. Irrecuperável, só a caixa onde guardara todos os sonhos.


inédito



SÔBOLOS RIOS QUE VÃO



Estátua da Praça Camões- CASCAIS

Sôbolos rios que vão
por Babilónia, me achei,
Onde sentado chorei
as lembranças de Sião
e quanto nela passei.
Ali, o rio corrente
de meus olhos foi manado,
e, tudo bem comparado,
Babilónia ao mal presente,
Sião ao tempo passado.


Ali, lembranças contentes
n'alma se representaram,
e minhas cousas ausentes
se fizeram tão presentes
como se nunca passaram.
Ali, depois de acordado,
co rosto banhado em água,
deste sonho imaginado,
vi que todo o bem passado
não é gosto, mas é mágoa.


E vi que todos os danos
se causavam das mudanças
e as mudanças dos anos;
onde vi quantos enganos
faz o tempo às esperanças.
Ali vi o maior bem
quão pouco espaço que dura,
o mal quão depressa vem,
e quão triste estado tem
quem se fia da ventura.


Vi aquilo que mais val,
que então se entende milhor
quanto mais perdido for;
vi o bem suceder o mal,
e o mal, muito pior,
E vi com muito trabalho
comprar arrependimento;
vi nenhum contentamento,
e vejo-me a mim, que espalho
tristes palavras ao vento.

.......................

Camões

domingo, agosto 28, 2011

GOSTA O POVO DESTA MALTA

Gosta o povo desta malta
De falajar fluido e forte;
Faz vénias aos da alta,
Aos do Sul e aos do Norte.

Vive sempre acocorado
Face à gajada do mando.
Fica em casa acagaçado,
Só reage de vez em quando.

Aceita o roubo e a pobreza
Como coisa natural.
E consente que a esperteza
Vá mandando em Portugal.

Venera beatos e santos
Aos quais roga protecção.
Adora rezas e prantos
E andar de chapéu na mão.

Um dia há-de acordar.
Precisa de um abanão
E aposto que há-de lutar
E à canalha dizer não.

............................................

in FRAGMENTÁRIA MENTE, 2009

OS LIVROS


Um dia,
Tropecei num livro
E fiquei agarrado.

Ao primeiro,
Outros livros
Se seguiram.

Sentei-me então
E um a um
Fui-os folheando.

Lendo sempre,
Com a avidez
Dos amantes.

Deixei correr
O tempo,
Inexoravelmente.

E agora,
Só quero ficar
Sentado.

Até quando?

Até quando
É a pertinente
Pergunta.


(inédito)






DO MEU DÁRIO

Santa Iria de Azóia, 26 de Agosto de 2011 – Alguns ricos, provavelmente os mais argutos, começam a disponibilizar-se para pagar mais impostos. A ideia surgiu nos EUA e está a fazer o seu percurso pela Europa. Até em Portugal, onde um tal Amorim tem a desfaçatez de se declarar um simples trabalhador, a ideia começa a ter seguidores.


Apesar de saber que não é taxando as grandes fortunas que se resolve o problema do défice, creio que seria mais do que justo que os arrotadores de milhões pagassem mais, pois têm sido apaparicados pelos governos com todas as benesses possíveis e imaginárias. A banca e as demais empresas têm tido os seus rendimentos sociais de reinserção e outros, ao longo de décadas.


Pôr os ricos a pagar mais é, portanto, uma questão da mais elementar justiça. Pô-los a pagar mais; mas, sobretudo, pela riqueza mobiliária já possuída e pela anualmente obtida através das operações bolsistas.

segunda-feira, agosto 22, 2011

DO MEU DIÁRIO

Santa Iria de Azóia, 22 de Agosto de 2011 – D. José Policarpo, cardeal patriarca de Lisboa, celebrou missa, ontem, em Alvorninha, a sua terra natal, onde terá desferido um ataque ou fortes críticas aos “grupos de classe”. O “CM” vê nas palavras do bispo de Lisboa uma crítica aos sindicatos, que, entende-se, defenderão interesses individuais.


Sendo verdade o que o “CM” noticia, as palavras de D. José Policarpo colocam a igreja católica ao lado deste governo e dos poderosos, traindo o princípio: “A Deus o que é de Deus; e a César o que é de César”. A igreja de D. José Policarpo não devia imiscuir-se nestes negócios de César, porque os interesses dos que ganham pensões mínimas não se podem confundir com os dos ganhadores de milhões. Esta igreja não é a Igreja de Cristo!


Uma Igreja fraterna e justa poderia apelar à mobilização de todos, mas deveria, primeiramente, condenar com veemência os agiotas e todos os outros ganhadores de milhões. Mas isto era pedir de mais a uma igreja que sempre defendeu os ricos e poderosos e prega a caridade.

sexta-feira, agosto 19, 2011

DO MEU DÁRIO

Santa Iria de Azóia, 19 de Agosto de 2011 – Jacques Delors, o último grande presidente da comissão europeia, terá dito ontem que a União Europeia e o euro estão à beira do precipício. Quando alguém com saber e experiência ímpares no domínio das questões europeias faz afirmações deste teor, dir-se-ia que a coisa está mesmo a dar para o torto.

Merkel e Sarkozy, dois patuscos que nunca deveriam ter ascendido ao poder nos respectivos países, se os países fossem sábios como às vezes se presume, parecem duas baratas tontas que pouco ou nada sabem ou querem saber para alterar o rumo dos acontecimentos. Não admira, assim, que as bolsas estejam a viver um novo “crash”.


Os agiotas – os tais poderosos e sensíveis mercados – manobram tudo a seu bel-prazer e surgem como aqueles deuses antigos sempre insaciáveis, reclamando mais e mais vítimas. E os povos, que produzem a riqueza e os triliões, vêem-se esbulhados dos seus rendimentos mais elementares e de direitos que, ainda há poucos anos, eram mostrados às populações europeias que viviam para lá do muro de Berlim como conquistas civilizacionais.


Eu não sei como tudo isto vai acabar; mas tenho quase como certo que há-de ser a rua a ditar a última palavra. Apesar dos indivíduas e das cidades serem, cada dia que passa, mais vigiados. A democracia, desde a América ao Japão, da Lapónia à Patagónia, merecia outros servidores.


A “escroquerie” tomou conta da Cidade. E esta fede como o velho reino da Dinamarca.

domingo, agosto 14, 2011

CASTELO BRANCO



CASTELO BRANCO

Naquele ano de 1972, em Castelo Branco havia aqueles dois senhores, que eram da PSP e trajavam à paisana: um era o senhor Pudico e o outro era o senhor Outro. Tinham por missão zelar pelos costumes e impor o respeitinho. Visitavam o subversivo Vidal, que vendia muita prosa vil e acolhia perigosos homens do contra: o alfaiate Matos Pereira, o industrial Armindo Ramos e o advogado João Vieira. E outros, que o quiosque estava licenciado e a entrada era livre (o computador topa os anacolutos).

O senhor Pudico usava gabardina, no Inverno, como o inspector Colombo (Peter Falk) de uma série televisiva, e chapéu todo o ano, por respeito à convenção. O senhor Outro, já não me recordo se tinha gabardina, mas também usava chapéu. E óculos para poder ver melhor os títulos subversivos, que um tal Vilhena teimava em publicar: O Filho da Mãe, Marmelada, A Vaca Borralheira, As Canetas dos Amantes, etc. E quedo-me por aqui para não alongar o rol.

O senhor Pudico e o senhor Outro, que levavam a sua nobre missão a sério,
eram pessoas muito sós, porque, lá bem no fundo, só se tinham um ao outro. A cidade olhava-os com desdém, porque o senhor Pudico e o senhor Outro eram o retrato vivo da vigilância, num país vigiado até nas coisas mais simples e íntimas.

O senhor Pudico e o senhor Outro não liam livros; apreendiam livros. O senhor Pudico e o senhor Outro não conversavam; ouviam conversas. O senhor Pudico e o senhor Outro não viviam; andavam por ali, enquanto a cidade vigiada trabalhava, lia e conversava.









sexta-feira, agosto 12, 2011

DO MEU DIÁRIO

A Assembleia era no 1º andar do edifício da fotografia

Santa Iria de Azóia, 12 de Agosto de 2011 – Há dias, de passagem por Castelo Branco, rememorei o ano de 1972, que, para mim, foi um ano marcante. Em bom rigor, só passei nove meses desse ano na sede do concelho da minha aldeia natal. Em Outubro, ou ainda em Setembro, vim para a região de Lisboa, onde fui ficando até ao presente.


Em 1972, Castelo Branco era uma pequena urbe com dois quartéis, um liceu, uma escola técnica, dois colégios particulares e uma escola de enfermagem. Tinha portanto, uma população muito flutuante. E tinha ainda dois jornais, o Reconquista e o Beira Baixa. E algumas colectividades, destacando-se o Benfica de Castelo Branco, o Desportivo, o Centro Artístico Albicastrense, o Clube, a Orquestra Típica e a Assembleia. A JEC e a JOC, não sei se as poderei considerar colectividades.Tão-pouco a Mocidade Portuguesa. Mas era da Assembleia, que se encontra no mais deplorável estado de degradação e abandono, que eu queria falar.


Nunca cheguei a perceber cabalmente o funcionamento da Assembleia. Sei que era frequentada por uma certa intelectualidade, nomeadamente professores, mais ou menos conotados com os movimentos da Oposição Democrática (mais CDE que CEUD). José Duarte trouxe jazz e diapositivos, o João Teixeira lançou o livro de poemas RO(S)TOS DO MEU PAÍS e havia também o grupo da música clássica, no qual pontificavam Carlos Ferreira, João Ruivo e também António Matos Pereira. Lembro-me de ali ter assistido à audição e discussão da Quadragésima Sinfonia de Mozart. Com um papel eminentemente cultural, a Assembleia era um espaço democrático e arejado.


A cidade cresceu e ganhou outra vida; mas, vá-se lá saber porquê, eu tenho saudades da cidade que deixei em 1972.

quarta-feira, agosto 10, 2011

SEM TÍTULO

"As catedrais góticas prefiro aos templos de outras épocas".


Às vezes, quando alguma resistência sinto em entrar dentro de mim, mormente nos momentos de grande inquietação, procuro a quietude e a paz das igrejas. É então que este minúsculo território de orografia complicada, onde inúmeras guerras civis têm sido travadas, permite a celebração de todos os armistícios e festeja a doçura da reconciliação.


As catedrais góticas prefiro aos templos de outras épocas. Nelas, tudo é fruto de subida meditação e de um superior exercício da ordem. Dez minutos, meia, uma hora, às vezes, é o tempo necessário para, pegando numa ponta, enrolar o precioso fio de Ariadne e reencontrar-me com a luz.


Creio firmemente que as igrejas – e mormente as catedrais –, foram sempre pensadas para propiciar reencontros com a luz.


in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, Lx., 2005

terça-feira, agosto 09, 2011

DO MEU DIÁRIO

No rés-do-chão do edifício pintado de branco era o ARCÁDIA

o café onde nos encontrávamos com regularidade


Santa Iria de Azóia, 4 de Agosto de 2011 – Confesso, muito sinceramente, que fui surpreendido com um longo comentário, no meu blogue, do António Apolinário Lourenço. Ainda acerca do aniversário do Albano Matos, que, por enquanto, ainda não deu à costa. E talvez só venha a dar, se der, corrida a Volta a Portugal em bicicleta.


António Apolinário (da Silva Lourenço), que para mim será sempre António Apolinário ou simplesmente Apolinário, lembrou-me o nome do nosso amigo Zé dos Bonecos, António Martins Fernandes, e a grafia do apelido Seborro, que eu queria, à viva força, que fosse Ciborro. No sábado passado, perguntei pelo Manuel Seborro a um vendedor de melancias, no Ladoeiro, que não conseguiu, apesar do esforço, dar-me qualquer informação precisa.


Eu já me tinha esquecido que o Luciano de Almeida tinha tido um suplemento ou coisa parecida no Beira Baixa, que, creio, era dirigido por Valentim Alferes e no qual colaborei com um pequeno poema que viria a perder. Efectivamente monárquico, o Beira Baixa desapareceu, porque não tinha a aceitação popular do Reconquista, desde sempre ligado à Igreja Católica. E que era, indubitavelmente, muito mais desempoeirado que o jornal da Rua de S. Sebastião, quase ao lado do edifício dos correios, que ainda lá está, mas onde já não há correios.


Castelo Branco ainda tinha, naquele ano de 1972, duas gráficas: a S. José e a Semedo, onde eram produzidos o Reconquista e o Beira Baixa, respectivamente. Foi na Ausência do António Apolinário que coordenei um número do suplemento juvenil do Reconquista, que implicava rever as provas na tipografia, ao fundo da J A Morão. Ainda que nunca tenha trabalhado em gráficas nem em jornais, havia de ficar para sempre com as imagens visuais da composição e com as olfactivas da tinta. Perto da minha casa há uma gráfica, cujo prioritário, o João Esteves (não é o da Tabacaria, ó Apolinário), é meu amigo. Por isso, de quando em vez, passo por lá para matar saudades.


O Reconquista é hoje um jornal diferente. Feito por jornalistas e outros profissionais, respeita minimamente a pluralidade de opinião e faz a cobertura noticiosa do distrito de Castelo Branco. E acompanha, sem constrangimentos, a evolução tecnológica. Por isso mesmo, sou seu assinante e assíduo leitor.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Cá neste labirinto, onde a nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza:

Camões

NAS FONTES

1

A vida é um momento tão fugaz,
Mesmo para os que vivem muitos anos.
Imparável a roda roda e traz
Alguns deleites, dores, desenganos.

Os que vivem, contentes e felizes,
Passando pela terra sorridentes,
indo no carril certo, sem deslizes,
Deste mundo estiveram sempre ausentes.

A vida é desafio permanente,
Mil batalhas travadas com ardor,
Com um só fim em mente, ó minha gente,

Tornar este planeta mais decente!
Árduas lutas travo por amor
E sei que tudo passa... fugazmente!


2
Quando, ó sol, te levantas lentamente
Das cristalinas águas do Tejo,
A cidade pressinto tão contente,
Recebendo teus raios como um beijo!

Sem o oiro dos teus raios a cidade
Fica mole, cinzenta, entristecida.
Com Londres parecida, já de idade,
Perde a graça de moça divertida.

Eu tenho preferência p’los dias
De sol doirado e quente. Com calor
A vida é bela e plena de alegrias.

E se perto de mim, ó meu amor,
Te tivesse, decerto, amar-me- ias!
Na cidade do sol, da luz, da cor...


3

Ó lendária serra lusitana,
Alvíssima princesa celebrada!
Tua beleza eterna não engana
E renova-se em cada madrugada.

Por ti tenho um amor puro e constante
Que desde a minha infância perdura,
Quando te via altiva, lá distante,
Ó serra rigorosa, enorme e dura!

Eram outros os tempos... Os pastores
desertaram, cansados, prá cidade.
Deram descanso às flautas. Permanece

A noite povoada de pavores
Muita melancolia, a saudade
E este amor que a beleza rara tece.

4

Estes versos desejo jubilosos,
Ó minha amada! Versos de louvor
à beleza divina; graciosos,
como convém ao nosso fino amor.

Quero versos de rimas aprazíveis,
Decassílabos suaves e correctos,
Para cantar teus dotes mais visíveis,
Sem esquecer a graça dos secretos.

Negros são os teus olhos e cabelos,
Os lábios têm a cor dos morangos.
Fico contente, quando posso vê-los...

Mas como esquecer os alegres tangos,
E o gozo de beijá-los e mordê-los?
Ó delicado aroma dos morangos!

5

Palavras, ide depressa e cumpri
Vossa valiosa e nobre missão!
Ide palavrinhas, que eu já pressenti
Que podeis ser ainda a salvação.

Palavras, correi, correi como o vento
Que o mundo precisa da vossa força!
Precisa de subido pensamento
E não da bruteza de quem o torça.

A História tem apenas guardadas
Narrativas de batalhas e guerras
E as grandes lutas p’la paz olvidadas.

Ó História, quantas fraudes encerras,
Em lindas palavrinhas embrulhadas?!
Desertai do poema e ide... mesmo perras!

6

Continua o mundo desconcertado,
Um mar de mentira e hipocrisia.
Desde Camões, pouco terá mudado,
Continua a mandar a vilania.

Os ricos, ousados e poderosos,
Ditam suas injustas leis ao mundo.
Incapazes de gestos generosos,
Tudo submetem ao dinheiro imundo.

Vivemos um tempo de submissão,
Que ignora princípios e valores.
O estudo, a probidade e a razão,

Deram lugar às cunhas e aos favores.
E assim corre a vida desta nação,
De engenheiros, bacharéis e doutores.

7
Dom Sebastião permanece vivo
E inda mexe no luso imaginário.
Um povo vive, nesta orla, cativo,
À ´spera do rei louco e temerário.

Os outros fazem e nós esperamos,
Que ele nos traga a boa solução.
Para o cerrado nevoeiro olhamos,
Como se fora a nossa salvação.

Ai, esta longa e dolorosa espera!...
Agir, agir, agir sempre e sem medo,
Foi a regra mágica da nossa Era,

O nosso mágico e fértil segredo.
Quem viu o largo mundo desespera,
Com este povinho tristonho e quedo.


in FRAGMENTOS COM POESIA, Ulmeiro, 2005